O Real Lacaniano do Corpo
Como analisar a vida?
O que é vida? O que é um corpo vivo? São perguntas simples que provocam respostas complexas.
Os biólogos classificam os corpos vivos. Examinam como funciona o metabolismo de animais, plantas e seres humanos. Já os médicos querem manter os corpos vivos em bom estado de funcionamento. Os juristas debatem sobre a questão do início e do fim da vida, dado que estudam as normas da sociedade, as quais estabelecem “Não matarás!”
Qual é a contribuição da psicanálise para o debate sobre o corpo, a vida e a morte?
Herdeira da medicina, a psicanálise nasceu quando as primeiras pacientes procuraram Sigmund Freud com dores no corpo para as quais não havia remédio. Eram sintomas no corpo que expressavam aquilo que, por pudor e falta de palavras, não podia ser dito. Tratava-se de reminiscências, de mulheres histéricas, convertidas em enxaquecas, dores e paralisias nas pernas e nos braços. Os sintomas apresentavam-se para Freud como acontecimentos no corpo que remetiam ao desejo sexual infantil recalcado inconsciente.
Para a psicanálise, o ser humano sofre, desde os primeiros sinais de sua existência, com a civilização, seu “habitat” cultural. É a civilização que o protege das agressões da natureza. Mas, é também a civilização que o limita na procura de satisfação de seu corpo. Sendo humanos, somos obrigados a falar, a expressar nossos afetos em palavras, o que não é possível, pois a língua está aquém de nossos desejos. Estamos aqui frente ao real, aquilo que é incapturável pela palavra e que se manifesta por meio do gozo. É função da psicanálise, através da palavra, capturar esse gozo. Assim, ela lida com um paradoxo em que se tem que apreender, pela palavra, aquilo que, por definição é indecifrável.
Sendo filhos da civilização, são seus avanços e retrocessos, seus benefícios e males que impregnam nossas vidas e nossos corpos. Como destaca Jorge Forbes, hoje, não se nasce, não se vive e não se morre mais como há 100 anos. E o futuro promete uma verdadeira revolução em questões de vida e morte: condições de viver além dos 100 anos de idade, juventude prolongada, inteligência multiplicada. Tudo isso, graças à tecnologia que, hoje, ainda é de ponta e amanhã será trivial.
Como, hoje e amanhã, encontrar uma resposta singular aos desafios da vida humana? Como viver com estilo, na juventude e na velhice? Como fazer da vida algo que vale a pena ser vivido?
Essas e outras questões formarão, nesse Sábado no IPLA, o pano de fundo para as aulas de sua equipe de professores.
Data: 24 de outubro de 2015
Local: IPLA, Rua Augusta, 2366 – Casa 2, São Paulo
Telefones: (11) 3061-0947 e (11) 3081-6346
Valor: R$ 200,00. Alunos do IPLA e
estudantes até 25 anos têm desconto de 20%. Vagas são limitadas. É necessário haver um mínimo de inscrições para a realização do evento.
Curadoria: Elza Macedo
Orientação científica: Jorge Forbes
Programa
9h00 – 9h30: Café com bolo IPLA
9h30
– 10h30: Aula Inaugural Psicanálise no transumanismo – Jorge Forbes
Quem sou eu onde eu fui?
10h30
– 11h30: Aula 2 Vida qualificada – Claudia Riolfi
A palavra poética. Curto-circuito da
palavra. Grande estilo. Zoé e Bios. Qualidade de vida e Vida
qualificada. Honra e luxo. A falta de palavras emociona. Amor fati. Real e
certeza.
11h30 – 12h00: Café com bolo IPLA
12h00
– 13h00: Aula 3 O fenômeno da vida permanece impenetrável – Alain Mouzat
Quando a vida
começa? Saber do corpo. A vida é puro germen que se reproduz. Vontade de
potência. O corpo vivo é a condição do gozo. A morte, enquanto temos relação com
a morte na vida, só pode ser uma morte significante.
13h00 – 15h00: Horário de Almoço
15h00
– 16h00: Aula 4 O corpo que se é e o corpo que se tem –
Dorothee Rüdiger
O corpo na
medicina e na psicanálise. Körper e Leib. O
corpo doente pela verdade. Só é possível
uma análise porque se tem um corpo problemático? O corpo histérico. O analista
como ensinante.
16h00 –
17h00: Aula de Encerramento A psicanálise equivoca para que a sexualidade
ocorra –
Liége Lise
Todo equívoco
recobre o sentido na sexualidade. Repúdio
à feminilidade. Sintoma como acontecimento de corpo. Corporização. Da transmissão
de razões à transmissão do ressoar. A interpretação só opera pelo equívoco.